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Viagens por Portugal - 1º EP

Atualizado: 18 de set. de 2024

O Minho e Trás-os-montes


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Partimos os três – pai, mãe e eu – numa viagem de férias, em pleno Agosto. Partimos para o Norte. É um mês especial… vemos mais matrículas de carro francesas do que portuguesas por estas zonas.

O nosso destino principal era a festa de São Bartolomeu, em Ponte da Barca. São memórias antigas e as nossas raízes familiares.

 O meu sangue é sobretudo minhoto - embora misturado com o lado da mãe, de outras origens – saí mais ao pai nas características físicas e na personalidade.

A avó paterna, de uma aldeia no coração do Gerês, o avô paterno de Monção.

As rusgas noturnas, o cortejo etnográfico, a procissão, as luzes e os lenços de Viana por todo o lado, usados por homens e por mulheres indistintamente, compõem um cenário muito colorido, de festa (vejam os vídeos das rusgas no final!)  



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(Ponte da Barca)


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(Ponte da Barca)


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(Trajes típicos, loja em Ponte da Barca)

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(Ponte da Barca)



(O desfile etnográfico)

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Novos e velhos, crianças, muita gente pela rua. Que saudades da broa de milho escura, das casas e igrejas de granito. Que saudades do genuíno, das pessoas simples, generosas e pacientes.  

Toda esta zona vive rodeada de montanhas. Para onde quer que olhemos ao nosso redor, ali estão elas. A natureza é um fulgor, ajuda-nos a compreender o nosso lugar - pequenos que somos, nesta equação.


(Vista de Bravães)

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(Mosteiro românico de Bravães)


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(Entrada lateral do mosteiro de Bravães)

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Grandes cultivos de milho e muitas, muitas amoras, deliciosas, por todo o lado!


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Surpresa em ver tantas figueiras no Gerês. Comi vários figos durante as caminhadas na natureza. Associava esta árvore ao Algarve, quase exclusivamente, e o clima é muito diferente.


Quantas ermidas, pequenas capelas e santuários, sempre num topo. Quantas alminhas, pequenos altares dedicados a Nossa Senhora ou a um Santo, no meio das cidades. Cruzeiros e pelourinhos na praça principal e em algum bairro novo. Algo que não encontramos absolutamente em Lisboa ou perto.   


(Ermida de Nossa Senhora da pegadinha)


Depois, uma manhã em Ponte de Lima – lindíssima jóia do Minho.



O almoço na Correlhã, matar saudades de sabores, cheiros e memórias… a tripa enfarinhada, os rojões com arroz de serrabulho, o sangue de porco frito... O restaurante onde, há mais de 40 anos, só havia prático único, a especialidade. Onde tudo era delicioso e tosco, um telheiro por cima de umas mesas corridas em madeira. No final, travessas enormes de leite-creme eram a única sobremesa existente. Foi muito bom reviver esses tempos, revisitar espaços. Está tudo mudado, sim.

Uma visita breve ao cemitério, onde estão alguns familiares, e a visita à casa da tia Rosa onde, por vários anos, íamos passar alguns dias, e à desfolhada do milho. Uma casa de granito em grandes pedras disformes, uma casa húmida, tão simples como pobre, digna, rica de humanidade.  


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Depois de uma breve passagem por Espanha, a meu pedido (preparando um novo passeio super interessante, entre Portugal e a Galiza - estejam atentos!), a segunda metade da viagem levava-nos a Chaves. Para mim, uma total novidade – para os pais, já não.

É de facto uma zona linda, riquíssima em fontes de água termais – que não se esgotam na simples “Água das Pedras”, a mais publicitada e frequente nos espaços comerciais. Fomos também a Vidago e a Pedras Salgadas.

Foi super bonito ver, de repente, nomes “antigos” como Água Campilho, água Carvalhelhos indicados nas placas da estrada: marcas que integram as minhas memórias de infância e literalmente desapareceram na grande Lisboa há muito tempo. São todas desta zona, todas muito próximas.

(devo referir que tenho má memória... Aliás, péssima. Cada recordação é um trabalho arqueológico de desenterrar imagens soterradas).  


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Ficámos alojados no centro de Chaves, o que permitiu conhecer alguns pontos principais da cidade, no escasso tempo disponível.

Sublinho a beleza do forte de São Francisco – antes, um convento franciscano construído no início do século XVI. Por ser monumento nacional, podemos entrar e visitar uma boa parte – a restante é hoje um hotel de quatro estrelas.


(Forte de São Francisco)

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A ponte de Trajano, ponte romana do primeiro e segundo século d.c., impera sobre o rio Tâmega, com os seus dezoito arcos.

A vista, consoante as horas do dia, é sempre lindíssima, a qualquer hora.

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Na zona central da cidade – ao redor da praça do município e da igreja matriz, há muitas casas abandonadas. Sobretudo as mais antigas, com lindos métodos de construção, algumas ainda em tabique, totalmente ao abandono, ou em venda. Entristece ver o nosso país assim. Talvez um dia o Estado promova programas de reabilitação eficazes e atractivos, que tanto precisamos em Portugal.

A Igreja da Misericórdia é lindíssima. Acolhedora, uma arte rica mas nada invasiva, os azulejos azul e branco a revesti-la dão o toque final.


(Igreja da Misericórdia)

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Fantástica a possibilidade de tomar gratuitamente a água, que brota a 76º da nascente, num horário bem alargado, até perto da meia-noite, em qualquer dia da semana! Obrigada às Termas de Chaves. Também existe a «Fonte do povo», disponível e a deitar água 24h por dia, fumegante. Só não se consegue beber sem um copo ou algo semelhante, devido à temperatura. Por isso, este beneplácito das Termas é tão agradável, podemos beber num copo de vidro e não nos queimarmos.


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Não por acaso os romanos se instalaram aqui e lhe deram o nome de Aquae Flaviae. A importância destas águas, do tempo do imperador Flávio, são um fenómeno da Natureza muito interessante, que prontamente foi aproveitado por aquela civilização.

As ruínas das termas romanas de Chaves são as maiores e mais bem preservadas da Península Ibérica, protegidas pelo respectivo Museu desde 2021.


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Não podia faltar o pastel de Chaves – delicio-so! Comemos por duas vezes os pastéis da Maria, em momentos e dias diferentes - e eram mesmo diferentes. Um melhor que o outro!


(Pastelaria Maria)

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Trás-os-montes é uma fonte inesgotável de tradição, cultura e património. Muitos, muitos de nós, já nascidos nas grandes cidades de Lisboa, Porto e outras, somos descendentes destas populações nortenhas – Minho e Trás-os-Montes, ou Beiras. A vida não era fácil no interior, sobretudo até aos anos 80 do século passado - quando se começaram a fazer novas estradas – e muitas – com a ajuda da UE.

Com os próximos passeios e caminhadas da Animah, espero dar-vos a conhecer muitos recantos escondidos do nosso país e da Galiza, em primeira mão - valem a pena!


(As rusgas noturnas, Festa de São Bartolomeu, Ponte da Barca - vídeo com som)








 
 
 

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